A Região de Mafra
Integrando-se na Área Metropolitana de Lisboa, o Município de Mafra dispõe de 11 freguesias dispersas por uma área territorial de 291,65 km², sendo limitado a norte pelo município de Torres Vedras, a nordeste por Sobral de Monte Agraço, a leste por Arruda dos Vinhos, a sueste por Loures, a sul por Sintra e a oeste tem litoral no oceano Atlântico. Do ponto de vista urbanístico, destaca-se um eixo urbano principal (Ericeira, Mafra, Malveira e Venda do Pinheiro), polarizado com uma constelação de pequenos lugares.
Concelho de Mafra
O Sobreiro e a Aldeia Típica José Franco
O Sobreiro é uma pequena aldeia do concelho de Mafra, situada entre Mafra e Ericeira, mais conhecida pelo célebre artista e comendador José Franco, artista do barro que com as suas mãos transformava a terra em arte e que aí criou uma pequena aldeia saloia em miniatura com bonecos mecanizados que representam as mais variadas profissões e o dia-a-dia das antigas aldeias saloias.
Nesta aldeia situa-se também a Casa do Poeta, onde se podem encontrar milhares de peças de olaria da autoria de António Batalha decoradas com poemas gravados.
A Ericeira
Ericeira é uma vila muito antiga, presumivelmente local de passagem e instalação dos Fenícios.
Reza a lenda que o nome Ericeira significa, na origem, "terra de ouriços", devido aos numerosos ouriços do mar que abundavam nas suas praias. No entanto, investigações mais recentes apontam o ouriço-cacheiro e não o do mar como inspirador do nome. Com a descoberta de um exemplar do antigo brasão da Vila, hoje no Arquivo-Museu da Misericórdia, confirmou-se que o animal ali desenhado é, de facto, um ouriço-cacheiro.
A história da Ericeira remonta, assim, a cerca de 1000 a.C. O seu primeiro foral data de 1229, concedido pelo então Grão-Mestre da Ordem de Aviz, Dom Frei Fernão Rodrigues Monteiro, que assim instituiu o Concelho da Ericeira.
É na carta de foral que surgem as primeiras referências aos pescadores da Ericeira, estando bem presente o cuidado do legislador em acautelar os direitos e deveres dos que se encontravam sujeitos às tutelas dos donatários:"(…) Quanto aos pescadores, deem a vigésima parte do pescado que matarem no mar. De doze peixes, levem um para conduto antes de darem a vigésima parte, e se matarem congro, comam-no. Do pescado que encontrarem morto, não paguem foro. De baleia, dêem a vigésima parte. De toninhas e delfins sem impedimento, em ocasiões de fome (…)".
No século XIII a baleia, a toninha e o delfim eram as espécies mais pescadas, tendo dado lugar, já no século XVI, à raia, ao rodovalho e à pescada. Em 1547, D. João III concede aos pescadores ericeirences a permissão de venderem o peixe "a olho" e não "a peso", costume que ainda há trinta anos se mantinha.
A nova carta de foro concedida por D. Manuel I em 1513, veio nobilitar a vila concelhia, doada pelo mesmo D. Manuel ao infante D. Luís e por este ao seu filho natural D. António, Prior do Crato, forte opositor à tomada do poder real por Filipe II de Espanha. Em 1589, no Forte de Milreu, D. António fez uma gorada tentativa de desembarque de tropas com o objectivo de conquistar o poder.
Em 1855, na sequência de uma reordenação administrativa do território, a Ericeira deixou de ser concelho para ficar na dependência de Mafra, sede concelhia até aos dias de hoje.
A Ericeira conheceu no século XIX a sua época áurea, com um enorme incremento, porquanto foi o porto mais concorrido da Estremadura, com alfândega, por onde se fazia o abastecimento de quase toda a província. A antiga importância comercial tem hoje correspondente no notável movimento turístico, resultante da situação e do clima privilegiado de que goza. O embarque para o exílio da família real portuguesa, episódio que assinala o termo do regime monárquico nacional, fará sempre do porto da Ericeira um dos locais mais dramáticos da geografia do concelho de Mafra.
Ericeira,
Reserva Mundial de Surf
O percurso ao longo do mar a norte de Lisboa é um dos passeios mais apreciados da costa portuguesa. Pelo caminho encontram-se boas surpresas, como a Ericeira, uma vila de pescadores com muita tradição ligada ao mar, reconhecida atualmente como uma das reservas de surf do mundo.
No mar, o trabalho diário dos pescadores tem apenas par na dedicação e presença habitual dos surfistas e bodyboarders que aqui encontram um refúgio especial. O campeão nacional Tiago Pires e muitos outros surfistas nasceram aqui e deram a conhecer esta pequena vila do concelho de Mafra que atualmente integra campeonatos mundiais como o WSL World Surf League Tour e o Quik Silver Pro Portugal.
As caraterísticas do mar e da costa, em que altas arribas alternam com pequenas enseadas de areal, a preservação de habitats naturais mediterrânicos e a cultura do surf que se vive fazem da Ericeira um destino procurado por surfistas de todo o mundo.
A área de costa que foi considerada pela organização norte americana Save the Waves Coalition como a 1ª reserva de surf da Europa e a 2ª do mundo tem 8 km e inclui praias que são uma referência em todo o mundo para a prática deste desporto, como as de Ribeira de Ilhas, a Baía dos Dois Irmãos, conhecida pela comunidade por Coxos, a praia da Empa, em frente à vila e a praia de São Lourenço.
A diversidade de ondas permite ter vários graus de dificuldade e, por isso, condições de excelência para a prática de desportos de prancha, sejam profissionais ou iniciados. As ondas mais desafiantes são a Pedra Branca, Reef, Ribeira d’Ilhas, Cave, Crazy Left, Coxos e São Lourenço. Para quem quiser iniciar-se na adrenalina dos desportos de mar, existem diversas empresas com aulas de surf que poderão ajudar a fazer as primeiras ondas ou a aperfeiçoar a técnica.
No entanto, quem chega à vila, não precisa de ser surfista para se sentir em casa. De ruas estreitas e ambiente acolhedor, o espírito de praia e férias sente-se todo o ano na Ericeira, pronta a receber visitantes de todo o mundo.